Calos nos tornozelos são bastante comuns na infância. Os calos aparecem simplesmente por excesso de contato e fricção da pele contra uma superfície.
Os calos são uma proteção que o nosso corpo forma para nos proteger contra pontos de excesso de pressão ou fricção. É um espessamento da pele que acaba funcionando como um escudo, uma barreira para que nossa pele não seja lesada por excessos de contato.
Se nós olharmos a sola dos nossos próprios pés podemos perceber que onde descarregamos mais peso, existem calos, por exemplo! Logo, podemos supor que os calos nos tornozelos das crianças ocorrem pelo mesmo motivo.
O motivo é muito simples: já explicamos que os calos ocorrem por excesso de pressão e fricção.
Exemplo de calosidade anterior do tálus.
A calosidade exemplificada na figura acima geralmente ocorrem pois as crianças sentam em cima do próprio pé! A postura adotada que pode causar calos é sentar em uma postura em W ou em uma postura “de índio” ou com “perninhas de borboleta” (como mostram as figuras abaixo).
Um artigo publicado em 2011 por autores de Singapura sugere que a postura que mais causa a deformidade é a postura de “pernas de índio” ou pernas cruzadas. Também afirmam que provavelmente os calos são mais frequentes em populações asiáticas e em crianças com hiperfrouxidão ligamentar.
Um outro artigo italiano publicado em 2022 sugere que mais pacientes apresentaram essas calosidades depois da pandemia de COVID-19, talvez por terem ficado mais em casa e descalças, sentando mais no chão. A avaliação ultrassonográfica dos pacientes não revelou nada a mais que o espessamento de pele.
Os calos são formados em 3 proeminências ósseas do tornozelo:
No vídeo abaixo eu explico onde estão estas proeminências em um modelo ósseo do pé!
Bom, como sempre digo, a pergunta correta a se fazer não é essa. Devemos primeiro perguntar: é preciso tratar esses calos?
É interessante entender que os calos são apenas uma consequência do hábito de sentar sobre o pé. Portanto, tratamentos específicos para os calos não devem ser feitos, como raspagem, “arrancar os calos”, etc…
Se a criança já consegue entender que aquilo pode a estar machucando, orientar que ela não sente sobre o pé resolverá as calosidades. Contudo, pacientes muito jovens podem querer continuar sentando sobre o pé, pois isso não os machuca na imensa maioria das vezes. E, para ser sincero, não há consequências – além das próprias calosidades – que possam prejudicar os pés e tornozelos.
As calosidades dos tornozelos são muito comuns na infância. Elas ocorrem pois as crianças muitas vezes possuem o hábito de sentar sobre seus tornozelos em W ou na posição de índio.
Caso isso não incomode a criança – como ocorre na imensa maioria das vezes – não é necessário nenhum tipo de intervenção. Além disso, se o quadro for típico, não é necessário solicitar nenhum exame de imagem. Orientar as famílias sobre a benignidade do quadro é o papel principal do ortopedista pediátrico e do pediatra nestes casos.
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