Slings, Cangurus e outros carregadores de bebês: o que pode e o que não pode?

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O que são estes acessórios (slings e cangurus)?

Slings, Cangurus e outros carregadores de bebês são acessórios que auxiliam no transporte das crianças pequenas. Nas últimas décadas estes itens têm ganhado muito espaço na vida das famílias, visto que a rotina das mães e pais não pode parar mesmo após o nascimento de seus filhos.

Cada vez mais as mães tem retornado mais cedo ao trabalho e não podem ficar em tempo integral em casa durante toda a infância de seus pequenos. Logo, a venda e utilização destes acessórios cresceu bastante, assim como as dúvidas relacionadas a eles.

Neste artigo vamos explicar quais as características de cada um deles e, basicamente, o que pode e o que não pode ser feito quando os utilizarmos.

O que são os Slings?

Slings são carregadores moldados a partir de uma faixa de tecido para ajudar no transporte dos bebês. Existem Slings prontos para venda no mercado, feitos de vários tecidos e tamanhos. Apesar disso, sabemos que o Sling é, na verdade, a técnica de passagem do tecido para formar uma bolsa segura para carregar o bebê na frente do corpo, e pode ser feito com qualquer tecido, como por exemplo um lençol.

Para informações sobre como fazer o Sling, acesse: https://hipdysplasia.org/baby-carriers-other-equipment/

Slings, Cangurus e outros carregadores de bebês | Dr. Luiz de Angeli

Exemplo de carregador do tipo Sling.

E o Canguru, o que é?

Os carregadores do tipo Canguru são “mochilas” adaptadas para carregar o bebê. Existem vários modelos e tipos no mercado atualmente, com uma variedade grande de preços e tamanhos. Estes carregadores fazem a mesma função do Sling, mas são mais práticos por poderem ser comprados prontos.

Os Cangurus contam com zipers, velcros e conectores que facilitam a colocação e a retirada do bebê com facilidade e rapidez. Inclusive, alguns deles possuem bolsos que ajudam a levar outros itens importantes para o cuidado da criança.

Exemplo de carregador do tipo Canguru | Dr. Luiz de Angeli

Exemplo de carregador do tipo Canguru.

Qual é a função destes carregadores, como slings e cangurus?

A função básica dos Slings e Cangurus é dar a oportunidade ao pai e mãe de carregar seus filhos de maneira segura mantendo as duas mãos livres. Isso traz dinamismo às tarefas simples do dia-a-dia que se tornam difíceis de serem realizadas tendo que segurar um bebê no colo o tempo todo, como por exemplo ir ao shopping ou ao supermercado.

Além disso, existem vantagens em relação ao afeto criado com o cuidador por passaram mais tempo em proximidade. Alguns artigos também sugerem que o correto posicionamento dos bebês nesses carregadores pode ajudar a prevenir a taxa de displasia dos quadris em populações que não tem acesso adequado aos serviços de saúde. A displasia dos quadris pode gerar artrose dos quadris no adulto e necessidade de cirurgias grandes como a prótese de quadril.

Por mais que, na maioria das vezes, as famílias utilizem estes carregadores para sair de casa, sabemos que eles também podem ser utilizados dentro de casa para manter a criança segura enquanto realizamos algumas tarefas simples que exijam o mínimo de concentração.

A partir de qual idade o sling ou canguru podem ser utilizados?

Os Slings e Cangurus podem ser utilizados desde o início da vida. Entretanto, devemos tomar cuidado enquanto o bebê ainda não consegue sustentar o pescoço com sua própria força, principalmente quando posicionamos o bebê olhando para frente (para o ambiente). Este marco geralmente é alcançado até os 3 meses de vida.

Portanto, é importante que nos primeiros meses os pais sempre chequem a posição da coluna cervical do bebê, sempre buscando mantê-la alinhada. Dessa forma, podemos evitar desconfortos na região do pescoço, os famosos torcicolos.

Como devemos colocar o bebê: olhando para frente (ambiente) ou olhando para o pai/mãe?

Uma das dúvidas mais frequentes em relação aos Slings e Cangurus é o posicionamento da criança. Qual será a melhor posição? Olhando para frente ou olhando para o cuidador?

Exemplo de carregador do tipo Canguru | Dr. Luiz de Angeli

Exemplo de posicionamento olhando para o cuidador.

 
Exemplo de posicionamento olhando para frente. | Dr. Luiz de Angeli

Exemplo de posicionamento olhando para frente.

A recomendação mais atual é que a criança seja carregada olhando para o cuidador, pelo menos entre 0 e 12 meses de vida. Por ser uma fase em que o quadril está se desenvolvendo de maneira muito importante, o posicionamento olhando para os pais tende a ajudar nesta evolução. Outras vantagens são:

  • Posiciona o centro de gravidade da criança mais próximo do adulto, conferindo melhor adaptação;
  • Aumenta laços afetivos com a mãe/pai, por encorajar a visualização do rosto do adulto;
  • Permite que a criança aperte o tronco do cuidador com as coxas, gerando forças benéficas para o desenvolvimento do quadril.

Apesar disso, não existem evidências de que carregar o bebê olhando para frente (ambiente) tenha algum efeito deletério. A única recomendação é que o bebê sustente a cervical para ser colocado desta maneira. A maioria das crianças já alcança este marco com 3 meses de vida.

Então, o que recomendamos é que a criança seja sempre posicionada corretamente, da maneira que o familiar achar melhor para o momento. A partir dos 3 meses de vida, é possível posicioná-los por curtos períodos de tempo olhando para o ambiente quando a criança está acordada, para que ela interaja com o ambiente e as pessoas. Contudo, quando o bebê está sonolento, carregá-lo de frente para nós pode ser mais confortável para que ele durma.

E como é a maneira correta de posicionar as pernas dos bebês nos slings ou cangurus?

Primeiramente, recomendamos que os bebês sempre sejam carregados na parte da frente do corpo dos familiares, para evitar acidentes. Carregá-los nas costas (como uma mochila) pode predispor o bebê a traumas.

A principal dica é manter os quadris da criança abertos, de forma a fazer um “M” com as perninhas, como mostra a figura abaixo. Essa posição não traz riscos ao desenvolvimento do quadril.

Posicionamento correto dos Slings e Cangurus

Imagens demonstrando o correto posicionamento em “M” dos quadris do paciente, olhando para o cuidador. Esta posição mantém os quadris bem adaptados, favorecendo seu desenvolvimento.

Por outro lado, o posicionamento com as perninhas esticadas para baixo pode aumentar a instabilidade dos quadris naqueles pacientes que são predispostos a ter problemas na articulação.

Posicionamento com as pernas esticadas Slings e Cangurus

Imagem demonstrando o posicionamento com as pernas esticadas. Teoricamente, esta posição pode prejudicar o desenvolvimento dos quadris imaturos, causando uma má adaptação da articulação.

Em conclusão, como utilizamos os carregadores por períodos curtos (no máximo algumas horas no dia), é difícil provar benefício ou malefício entre as posições que discutimos, e seria dificílimo conduzir estudos que provassem uma diferença significativa.

Portanto, ressaltamos que as recomendações acima descritas baseiam-se em alguns estudos e pensamentos racionais orientados por especialistas para minimizar os riscos de lesões que possam ser causados por estes hábitos.



Fontes:


FAQ

1. A partir de qual idade podemos usar os carregadores?

Os Slings e Cangurus podem ser utilizados desde o início da vida. Orientamos posicionar o bebê olhando para o cuidador para melhor adaptação entre 0 e 12 meses de vida.

2. Posso posicionar meu filho olhando para frente para ele ver o ambiente?

Este posicionamento pode ser realizado a partir dos 3 meses por períodos curtos, pois o bebê já consegue sustentar o pescoço. A partir de 1 ano de idade a criança já pode ser posicionada por tempo maior dessa maneira.

3. Utilizar os Cangurus e Slings pode causar luxação do quadril na criança?

Pelo contrário, algumas referências sugerem que o posicionamento adequado com os quadris em “M” durante a infância pode ser benéfico para a prevenção da displasia dos quadris. Não existem evidências de que o uso destes dispositivos possa prejudicar o desenvolvimento das crianças quando são utilizados por curtos períodos de tempo.