O suspensório de Pavlik é um dispositivo utilizado principalmente para o tratamento da displasia do desenvolvimento do quadril, também conhecida como luxação congênita do quadril.
Nos dias de hoje, muito se discute sobre os regimes de utilização durante o tratamento, porém pouco se fala sobre como devemos parar de utilizá-lo. Neste artigos discutiremos a interrupção gradual versus a interrupção imediata da utilização do suspensório após a normalização do exame de ultrassom.
Imagem exemplificando o uso do suspensório de Pavlik.
Imagens demonstrando como o suspensório de Pavlik funciona.
Na imagem da esquerda, vemos os quadris estendidos. Esta posição favorece o deslocamento da cabeça do fêmur.
Na imagem da direita, vemos o “posicionamento da Rã”, que é a posição em que o suspensório deixa os quadris do bebê. Desta forma, o quadril fica mais encaixado, ganhando estabilidade.
Apesar das inúmeras controvérsias entre os especialistas, sabemos que o suspensório de Pavlik deve ser utilizado até a normalização do resultado da ultrassonografia dos quadris. A ultrassonografia é o exame que faz o diagnóstico da displasia e ajuda no acompanhamento.
O tempo de utilização geralmente fica entre 6 a 12 semanas de uso. Os regimes de uso também variam conforme a instabilidade presente no momento do exame inicial e preferência do ortopedista (uso 24 horas/dia versus permissão de retiradas para higiene do bebê).
O Dr. Luiz possui um vídeo de instrução para colocação do suspensório, contendo um passo a passo para dúvidas. Contudo, salientamos que a colocação do dispositivo sempre deve ser orientada inicialmente pelo médico ortopedista. Além disso, os ajustes durante o tratamento também devem ser supervisionados pelo médico que está conduzindo o tratamento.
Confira o vídeo no link abaixo:
Bom, aqui chegamos realmente à pergunta do artigo: como devemos interromper o uso?
Um estudo recente publicado na principal revista de ortopedia pediátrica do mundo, a Journal of Pediatric Orthopaedics, tenta responder esta pergunta. Neste estudo, os pesquisadores avaliaram 64 quadris de 53 pacientes que foram tratados com Pavlik.
Um dos grupos foi submetido à interrupção do tratamento imediata após a normalização da ultrassonografia. Em contrapartida, no outro grupo avaliado o suspensório foi retirado aos poucos, ou seja, os pacientes foram fazendo uso por períodos menores até a interrupção total (interrupção gradual).
Ao final do estudo, avaliando as radiografias com 1 ano de idade, o resultado era similar entre os grupos. Em outras palavras, não houve diferença entre os regimes de retirada do aparelho.
Apesar de o estudo citado ter sido um dos poucos estudos a comparar pacientes submetidos à interrupção imediata versus a interrupção gradual, ele é o melhor estudo sobre este assunto publicado até o momento. Porém, ainda precisamos de mais evidências para saber se um regime é realmente superior ao outro.
O que podemos dizer atualmente é que as duas maneiras trazem resultados semelhantes. Portanto, nós sugerimos que os pais sigam as recomendações do médico que está tratando o bebê, sempre respeitando a preferência do médico e discutindo as opções possíveis.
O tempo médio de utilização é de 8 semanas, geralmente variando entre 6 a 12 semanas. Consulte sempre o seu médico para saber quando se deve interromper o uso!
Conforme discutido no texto, a melhor evidência que temos até o momento é que os dois regimes de interrupção trazem resultados semelhantes. Portanto, o médico que está realizando o tratamento pode recomendar caso a caso a sua preferência de interrupção do uso.
Se o tratamento for interrompido mais cedo do que o recomendado, o paciente pode evoluir com uma luxação dos quadris ou evoluir com artrose na idade adulta. Ambos os quadros necessitam de cirurgia. Por isso, sempre recomendamos realizar o tratamento completo seguindo as recomendações do ortopedista pediátrico.